Reportagem - Fantástico
ESQUEMA EM HOSPITAL DO MATO GROSSO DO SUL
Domingo (05/05/2013), o Fantástico - Show da vida, exibiu uma reportagem do DESCASO que foi descoberto no Hospital do Câncer do estado do Mata Grosso do Sul e o hospital ligado Universidade Federal de Mato Grosso do Sul.
Sessões de quimioterapia em pacientes que já tinham morrido. Cobrança por tratamento contra o câncer que nunca foi realizado. E o fechamento do setor de radioterapia de um hospital público para beneficiar clínicas particulares.
ONDE VAMOS PARAR?!
Médicos de dois hospitais públicos são os principais suspeitos de envolvimento com essas fraudes.
Entre os investigados, os médicos José Carlos Dorsa Vieira Pontes e Adalberto Siufi. Dorsa era diretor do Hospital Universitário, e Siufi dirigia o hospital do câncer.
Aos poucos, as investigações foram revelando uma forma cruel de desvio de dinheiro público no Hospital Universitário. O setor de radioterapia, um dos principais tratamentos de combate ao câncer, teria sido fechado de propósito, para que os pacientes fossem tratados pelas clínicas privadas do grupo investigado.
Com o atendimento interrompido no Hospital Universitário desde 2005, os pacientes com câncer passaram a ser encaminhados para o Hospital do Câncer.
Num relatório, a Polícia Federal afirma que se trata de um "conluio entre Adalberto Siufi e José Carlos Dorsa para manter desativada a radioterapia do Hospital Universitário para que os pacientes fossem encaminhados ao hospital do câncer e de lá para a clínica", do próprio Adalberto.
Em nota, o Ministério da Educação, responsável pelo Hospital Universitário, diz que a transferência dos serviços de oncologia foi decidida por uma comissão de gestores que reúne a Secretaria Estadual e as secretarias municipais de Saúde do estado.
Segundo a Controladoria-Geral da União, a clínica particular do doutor Adalberto recebeu quase metade do que o Hospital do Câncer gastou entre 2008 e 2011.
“Em quase R$ 25 milhões de contratos do hospital do câncer, temos R$ 11 milhões direcionados especificamente à empresa desse servidor”, ressalta Carlos Higino de Alencar, secretário-executivo da CGU.
Para o Ministério Público, o diretor do Hospital do Câncer jamais poderia ter contratado a própria clínica.
“A direção do hospital contratava empresas que pertenciam à diretoria do hospital. E isso por uma resolução feita pelo Ministério Público é proibido”, afirma Paula Volpe, promotora de justiça/MS.
“O Ministério da Saúde chegou a detectar em 2009 e 2010, alguns procedimentos irregulares, exemplo: quimioterapia em pacientes que estavam mortos”, diz o repórter.
“Ocorre do paciente falecer e você não ficar sabendo. Ele mora no interior. Isso é desprezível em um universo grande como esse”, responde Adalberto.
Uma auditoria feita pelo Ministério da Saúde encontrou outros problemas. Descobriu, por exemplo, que o hospital cobrava por mais sessões de radioterapia do que realmente foram feitas.
O Fantástico entrevistou uma ex-funcionária, e segundo ela, os pacientes também não recebiam corretamente os remédios para combater o câncer.
“Os medicamentos eram prescritos em doses reduzidas e onde os pacientes assinavam as frequências e nem sempre era feitas as medicações. Então, eles tinham a frequência de que estavam ali, mas recebiam a medicação devida”, diz a ex-funcionária.
Muitas vezes, o remédio receitado era trocado. Mas não por ordem do médico. E sim pelo setor administrativo do hospital.
“O que a gente ouvia bastante na hora da compra de medicação é ‘o paciente está morrendo, não precisa fazer. Faz o soro que está bom’”, revela a ex-funcionária.
Uma conversa gravada pela Polícia Federal entre a farmacêutica Renata Burale e a então administradora do hospital, Betina Siufi, filha do doutor Adalberto, mostra como era decidida a medicação dos pacientes. A palavra final não era do médico.
Renata Burale: “Estou com uma prescrição aqui de um paciente do CTI, que a médica passou um antifúngico pra ele”.
Betina Siufi: “É caro pra cacete esse negócio. Nem f..., desculpa o termo. Tá?”.
Renata Burale: “Essa doutora Camila que passa essas coisas cabulosa. Na hora que eu vi o preço, eu falei ‘Não’”.
As investigações mostram que, logo depois da entrevista, José Carlos Dorsa telefona para um amigo.
José Carlos Dorsa: “Duas horas de entrevista no Fantástico”.
Amigo: “Ai, meu Deus”.
José Carlos Dorsa: “Foi um horror, viu? Eu só falei coisa assim, boa. Apesar do cara ser grosseiro, agressivo, falei bem calmo, sem falar muito a minha opinião, sabe?”
Amigo: “Lógico, lógico”.
José Carlos Dorsa: “Bem falso, né?”
Em outra conversa, o doutor José Carlos fala com um médico. Eles armam um plano grave: discutem como alterar informações sobre a morte de uma paciente.
Médico: “Como é que vai descrever aquela válvula transcateter que abriu a mulher lá? Aquela que nós abrimos para fazer transapical, que morreu”
José Carlos Dorsa: “Como é que foi?”
Médico: “Fez transapical e furou o ventrículo. Põe isso?”
José Carlos Dorsa: “Não, não põe isso. Coloca que foi transapical e que evoluiu com disfunção ventricular e que nós colocamos em extracorpórea. Entendeu?”
Médico: “Mas nós não colocamos em extracorpórea”.
José Carlos Dorsa: “Eu sei, mas você vai falar por que abriu o tórax? Não pode falar que furou”
“O Ministério Público entende que o poder público tem que assumir o seu papel e oferecer um atendimento de qualidade para que a população seja bem atendida”, afirma Paula Volpe, promotora de justiça/MS.
Durante a entrevista com o doutor Adalberto, com os corredores do hospital lotados, sugerimos que ele atendesse primeiro aos pacientes.
Fantástico: “Vamos esperar o senhor atender”.
Adalberto Siufi: “Eu prefiro acabar”.
Fantástico: “Mas eu prefiro que o senhor atenda os pacientes”.
Adalberto Siufi: “Eles vão sofrer, mas deixa também. É bom que eles sintam um pouquinho. O residente atende”
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Agora eu pergunto:
O que falar diante uma atrocidade dessas? O que fazer? Como agir?
O que falar diante uma atrocidade dessas? O que fazer? Como agir?
A gente só espera que a justiça seja feita, que pacientes e famílias inocentes não pagem mais o preço ALTÍSSIMO de ter que passar por tanto sofrimento. E tudo isso por pura ganância de médicos que não tem o mínimo de ética profissional e COMPAIXÃO COM O SER HUMANO.
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EM NOTA: O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, e equipe técnica do ministério se reuniram com gestores municipais e estaduais para criar força-tarefa e corrigir serviços de oncologia no Mato Grosso do Sul.
O Ministério da Saúde criou nesta terça-feira (7) uma força-tarefa para acelerar o cumprimento de medidas corretivas solicitadas pelo Departamento Nacional de Auditoria do SUS (Denasus), após investigações realizadas desde 2010, à Fundação Carmem Prudente, mantenedora do Hospital do Câncer Professor Dr. Alfredo Abrão, e ao Hospital Universitário Maria Aparecida Pedrossian, em Campo Grande (MS). A instalação da força-tarefa foi determinada pela Portaria 768, publicada no Diário Oficial da União.
O ministro da Saúde, Alexandre Padilha, esteve acompanhado de uma equipe técnica do ministério para se reunir com gestores municipais e estaduais. Com eles, estabeleceu a composição da força-tarefa que formará um plano de atuação por 30 dias. O grupo é composto por representantes das três esferas de governo. Na manhã desta terça-feira, Padilha visitou as instalações do Hospital do Câncer.
“Nosso primeiro objetivo agora é checar com o município e o estado se os serviços cumpriram todas as recomendações feitas pelo Ministério da Saúde nas auditorias concluídas em 2011 e 2012. Auditorias continuam sendo realizadas. Elas já nos permitiram recuperar recursos onde foi identificado algum tipo de desvio, nos permitiram interromper alguns procedimentos irregulares e municiar a Polícia Federal, que tem outros instrumentos de apuração para que a gente possa chegar a todos os detalhes de qualquer irregularidade que exista”, ressaltou o ministro. “Esta apuração que a Polícia Federal está realizando agora traz novos elementos, até porque permite o uso da escuta telefônica, instrumento que o Ministério da Saúde a priori não tem”.
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CONFIRA AS REPORTAGENS NA INTEGRA:
Fantástico (Reportagem do esquema no Hospital do Mato Grosso do Sul):
Ministério da Saúde (Nota: criação de força-tarefa para corrigir serviços de oncologia no Mato Grosso do Sul):
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* Dani Sousa